4 de junho de 2025

MARINA SILVA: O QUE ESTÁ POR TRÁS DA FRASE ‘SE PONHA EM SEU LUGAR’

A frase “se ponha em seu lugar”, dita em um contexto de agressão verbal contra a ministra Marina Silva, carrega uma carga simbólica muito forte — e negativa. Não é apenas uma tentativa de silenciar alguém, mas também de reforçar hierarquias sociais, políticas e até históricas que procuram limitar quem pode ocupar certos espaços de poder e fala.

Vamos destrinchar o que está por trás dessa frase:

1. Intimidação e silenciamento

A frase é usada frequentemente para tentar calar ou constranger alguém que está se expressando ou ocupando um espaço que, segundo a visão do agressor, “não lhe pertence”. Nesse caso, é uma tentativa explícita de deslegitimar a presença e a autoridade de Marina Silva como ministra do Meio Ambiente.

2. Racismo e machismo estrutural

Marina Silva é uma mulher negra, de origem humilde, da floresta amazônica. Quando se diz a ela “se ponha em seu lugar”, isso também pode ser interpretado como um reflexo de racismo, machismo e elitismo, insinuando que ela não deveria estar em uma posição de destaque, de comando, de poder — algo que historicamente foi negado a pessoas como ela.

3. Disputa de poder e ideologia

A frase pode vir de um contexto de embate político, onde desacreditar a fala da ministra é uma forma de combater a agenda ambiental que ela representa. Nesse sentido, é uma estratégia de dominação ideológica: tentar desautorizar Marina não apenas como pessoa, mas como símbolo de uma política ambiental que certos grupos querem enfraquecer.

4. Desrespeito institucional

Dizer isso a uma ministra de Estado dentro de uma comissão parlamentar também revela um profundo desrespeito às instituições democráticas. É um ataque não só à pessoa Marina Silva, mas ao cargo que ela ocupa e à representatividade que carrega.

Resumo

A frase “se ponha em seu lugar” não é uma simples expressão. Ela ecoa décadas — ou séculos — de exclusão social, e quando dirigida a uma figura como Marina Silva, se torna ainda mais grave. É uma tentativa de dizer: “você não deveria estar aqui”. Mas a presença dela, justamente, desafia essa lógica. E por isso incomoda.

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João Bosco Nascimento